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sábado, 22 de outubro de 2011

Drogas, drogas, drogas, algum Sexo e Rock&Roll.

 Terminei de ler Scar Tissue, uma autobiografia de Anthony Kiedis, vocalista e fundador da banda Red Hot Chili Peppers. Este é mais um livro que leio sobre bandas/artistas onde o tema drogas prepondera sobre todos os outros assuntos. Sexo e Rock&Roll que completam o famoso triunvirato, são relegados a um tímido pano de fundo quando confrontados com a abordagem sobre as drogas e suas terríveis consequências.

 Scar Tissue é assustador até pelo modo tranquilo com que Kiedis narra seu drama. Seu pai, um traficante hippie, o incentivou a consumir  maconha ainda criança e aos doze anos o apresentou a cocaína. Kiedis não julga a postura de seu pai. E o livro dá a impressão de não ter fim, já que contra o otimismo de estar novamente sóbrio contrasta a melancolia da incerteza de uma recaída.


Anthony Kiedis viveu muitos anos sob a influência de heroína, cocaína, crack, alcool e tudo o mais que você pensar. Uma vez arrebentou o carro quando bateu em uma árvore, em alta velocidade; em outro acidente, desta vez de moto, teve a mão quase destruída. Nessa ocasião, no hospital, para a estupefação dos médicos, foram aplicadas sete doses de metadona para Kiedis começar a sentir os efeitos da droga. Para se ter uma ideia da quantidade da droga ingerida regularmente por Kiedis, conta ele que duvidava que traficantes da "minúscula" Nova Zelândia, país que então visitava, teriam em estoque droga suficiente para deixa-lo high (doidão).

 Várias músicas de Kiedis, letrista da banda, abordam o tema droga ou as suas consequências. Under The Bridge, por exemplo, é uma canção inspirada nos momentos  em que ele injetava heroína debaixo de uma ponte em Los Angeles, num bairro barra-pesada. Quem desconfiaria?

"Under the bridge downtown, is where I drew some blood, under the bridge downtown, I couldn't get enough...
" 

 Felizmente Anthony Kiedis também aborda a ascenção e tropeços do Red Hot. Um drama recorrente era a dispensa de músicos que não se adaptavam a banda. Ainda no início da carreira (musical) o vício o consumia  tanto que ele próprio foi dispensado da banda que fundou. Sua presença carismática e espírito de grupo, juntamente com a determinação do baixista Flea, amigo de infância, foram fundamentais para o sucesso.  Como também foi fundamental a entrada na banda do inspirado guitarrista John Frusciante. Com Frusciante o RHCP chegou ao auge.

 O foco sobre as mulheres também é extenso e interessante. Sempre lindas e apaixonadas, mas nenhuma delas escapou da relação de Kiedis ainda mais forte com as drogas. Algumas também se drogaram. Paixões, brigas, idas e vindas. Desequilíbrio.

 Tudo isso somado a encontros inesperados com a polícia, fuga de clínicas de tratamento, furtos e truques para adquirir seringas em farmácias. E pior, dolorosas mortes de amigos por overdose, como a de Hillel Slovak, primeiro guitarrista do RHCP, River Phoenix e Kurt Kobain.

A narrativa, tocante e sincera, torna a biografia de Kiedis leitura obrigatória também para aqueles que não são fãs da banda ou pouco se interessam pela cultura pop.

 A expiação pública de todas as suas fraquezas e sua tentativa de resgatar sua dignidade ajudando outros viciados, provam que Kiedis, além de ser um sobrevivente é um ser humano iluminado, pois se sua vida de excessos não é exemplo para ninguém, a sua luta certamente é.

 Enfim, depois de ler as biografias de Anthony Kiedis e Eric Clapton e dois ótimos livros sobre o Led Zeppelin, Quando os Gigantes Caminhavam Sobre a Terra e Hammer of  the Gods, chegou a hora de ler algo menos angustiante - um livro sobre a Segunda Grande Guerra, talvez?

Sobre o Autor:
Marcos Mendes Marcos Mendes é músico e compositor. É também observador inquieto que escreve o que vê e o que sente em relação a vida e o mundo. Fala sobre assuntos sérios sem perder o tom da descontração.

2 comentários:

  1. Fala Marcos. Estou de saída aqui mas tinha que vir conhecer mais esse seu espaço e, principalmente, fazer parte dele. Parabéns pelo blog.

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  2. Caramba! Preciso ler este livro. Esse cara só pode ser iluminado mesmo. Depois de tantos excessos como continuar vivo e produzindo?
    Trabalho com pessoas que usam drogas de forma abusiva e, suas trajetórias são diversas e bem diferentes.
    Mais uma vez parabéns por colocar tuas idéias de forma inteligente e sincera. Beijão

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