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Translator (Tradutor)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Contando Estrelas

Quando crianca eu passava horas olhando para o céu. Talvez porque eu morasse no interior e ainda não houvesse tantas distrações como hoje. Talvez porque faltasse luz e ficássemos as escuras naquelas noites claras de calor sufocante. Não importa. Eu me divertia imaginando viagens e aventuras fantásticas na lua, nas estrelas ou no espaço. Não havia limites para a minha imaginação.

Também gostava de contar estrelas. É claro que sempre me perdia, pois contar estrelas é uma tarefa hercúlea. Tinha que ter olhos de super-homem - o que não era meu caso, míope de dar dó. E entre as estrelas que eu contava sempre surgia uma nova que me fazia perder a conta.  Estava eu com o dedinho apontado para cima, olhos apertados quando - pimba!, pipocava outra estrela, o que me deixava perplexo e frustrado.

sábado, 12 de novembro de 2011

Quando anjos saem para pescar

Dois anjos outrora muito ligados passaram a se ver raramente. Cada um com seus afazeres e mergulhados em seus compromissos. Nossa, aqueles anjos eram realmente ocupados. Um belo dia eles se encontraram casualmente e combinaram fazer alguma coisa juntos. Nada que tomasse muito tempo ou que pudesse atrapalhar as suas sempre ocupadas agendas, pensaram. Que pelo menos pudessem ficar juntos e conversar um pouco.

Um dos anjos sugeriu então uma pescaria. Mas você nem gosta de pescar, disse o outro anjo. Não era pela pescaria em si, respondeu, mas porque precisava ir para um lugar afastado, longe do barulho, da agitação. Um lugar para esquecer seus infindáveis compromissos. É verdade, também preciso relaxar disse o outro anjo.


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Rio de Janeiro, UK

Poucos dias depois de chegar a Londres, estava eu saindo do metrô numa manhã fria quando notei que estava perdido. Fiquei parado em frente da estação quando uma senhora se aproximou e perguntou se eu estava precisando de ajuda. Fiquei desconfiado. Não tinha cara de assaltante nem de 171. Pegou o mapa do metrô - sim, eu tinha um - e gentilmente me deu as coordenadas. Fui em frente olhando discretamente para ver se não estava sendo seguido.

Outro dia cinzento estava eu atravessando a rua quando um carro vira repentinamente a esquina e me dá um belo susto. Usei meu repertório para xingar todas as gerações do apressadinho quando o carro para, o motorista desce esbaforido e pede desculpas sem parar. Fiquei meio que frustrado. O cara não queria briga? Nem um empurrãozinho?

sábado, 5 de novembro de 2011

A entrevista de Eric Clapton - uma crônica.


Eric Clapton chega titubeante. Não queria ir mas foi convencido pela assessoria de imprensa. Todos falavam da importância da entrevista: era para a maior TV da América Latina, lembravam. Não tinha jeito. Tinha que ir. É recebido pela entrevistadora sorriso-colgate, com as mãos cheias de papéis-perguntas. Havia reclamado um bocado de seu atraso. De seu horário pouco britânico. Senta-se. Parece cansado. Tenta se ajeitar enquanto aguarda a primeira pergunta. Olha para a apresentadora: parece nervosa. Por que ainda faço isso, pensa. Ainda divagava quando vem a primeira: "O que você acha de ser chamado de deus da guitarra?". Clapton parece afundar um pouco na poltrona. Quase cinquenta anos ouvindo a mesma pergunta. Responde que isso foi coisa de outra época, que não se sentia melhor do que ninguém e que era grato aos fãs pela admiração. Resposta rápida e gentil. A entrevistadora decide então acometer um momento fã-clube. Declara de maneira meio ridícula que para ela ele era, sim, deus. Enquanto Clapton a olha constrangido sem saber bem o que responder, sua serva encontra o próximo papel-pergunta. E desafina de novo: "quem foi melhor, você ou Jimi Hendrix?". Dessa vez dá para

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Lula e o SUS

 O milagre multiplicador das redes sociais e a popularidade do ex-presidente Lula transformaram sua doença recém diagnosticada em uma nova e dolorosa polêmica. Esqueceu-se da gravidade da doença para centrar as críticas no local onde Lula fará tratamento, uma institiuição privada. De onde vem esse movimento? Seria uma reação ao passado operário de Lula, aos seus discursos populistas? Nunca vi ninguém pedindo ao FHC para se tratar no SUS.

Enquanto lados opostos expõem suas opiniões com liberdade, muitas vezes gerando discussões acaloradas onde a paixão toma o lugar da razão, políticos disfarçados tentam ganhar algum proveito com a situação. São nesses momentos que vem a tona o pior da natureza humana. Lembro-me muito bem a chantagem emocional que foi feita pela oposição contra Dilma Rousself quando anunciado que ela tinha câncer. Adversários da atual presidente falavam, e pior, escreviam barbaridades como se não houvesse amanhã.

domingo, 30 de outubro de 2011

Os efeitos colaterais do futebol

Parece que já vem no DNA do brasileiro a sua paixão por futebol. Mas não é uma paixãozinha qualquer não, é uma paixão arrebatadora, daquelas de fazer o sujeito ficar vidrado, largar a família, fugir do trabalho para acompanhar seu time. Esse fanatismo põe quase toda a nação de chuteiras em jogos da Seleção em Copa do Mundo. Um patriotismo que raramente se vê em outras questões nacionais.

Enquanto assistimos todos os dias a um desfile de copas, campeonatos e séries de A a D, a alma do brasileiro anseia cada vez mais pelo jogo do dia seguinte. A Saúde é uma vergonha? Futebol na terça; a Educação vai de mal a pior? Futebol na quinta. Corrupção assola o país? Futebol na quarta, sexta, sábado e domingo. O futebol como analgésico, como calmante; aplicado em doses cavalares com efeitos colaterais como a mente entorpecida e a visão turva.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O Facebook e os problemas de relacionamento

Eu já estou há um ano e meio no Facebook. Conheci muita gente boa. Pessoas maravilhosas, amizades surpreendentes. Amigos queridos e fãs de meu projeto musical dão vida e calor aos bits e bytes. Mas nem tudo são flores no mundo criado por Mark Zuckerberg.

A vida virtual abre as portas para pessoas com diversas necessidades, e muitas fazem do facebook um espelho da vida real. Aí começam os problemas...

O mecanismo que incentiva trocas constantes no relacionamento virtual faz com que você esteja sempre em "débito" com pessoas mais exigentes.  É como se você tivesse jantado na casa de vários amigos e tivesse agora que oferecer um jantar. Só que tal jantar teria de ser servido para dezenas ou centenas. Aí, amigo, só uma "goroba" virtual para dar conta.