Enquanto assistimos todos os dias a um desfile de copas, campeonatos e séries de A a D, a alma do brasileiro anseia cada vez mais pelo jogo do dia seguinte. A Saúde é uma vergonha? Futebol na terça; a Educação vai de mal a pior? Futebol na quinta. Corrupção assola o país? Futebol na quarta, sexta, sábado e domingo. O futebol como analgésico, como calmante; aplicado em doses cavalares com efeitos colaterais como a mente entorpecida e a visão turva.
Notem a rivalidade incentivada entre as seleções de Brasil e Argentina. Fica restrita ao futebol. Que tal estender a outros campos? A Argentina não tem cinco títulos mundiais, mas tem cinco prêmios Nobel. Ninguém quer esse título? Vamos disputar um "mata-mata" com a Argentina para saber quem tem mais bibliotecas. Um "pontos corridos" em Qualidade de Vida com o Chile. Isso só para ficarmos na Sul Americana.
Enquanto se multiplicam programas esportivos, vigaristas travestidos de dirigentes, empresarios inescrupulosos e políticos-bandidos fazem do futebol um terreno fértil para corrupção, sob a vista grossa de uns e acomodação de outros. Falta espaço e interesse para discussões sobre importantes questões nacionais. Afinal, manter a grande massa na ignorância seria uma estratégia pensada e aplicada ou esse é simplesmente o nosso jeito brasileiro de ser?
Êpa, vou me despedindo porque o Botafogo está entrando em campo. Vai, Fogão!