expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

Translator (Tradutor)

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Lula e o SUS

 O milagre multiplicador das redes sociais e a popularidade do ex-presidente Lula transformaram sua doença recém diagnosticada em uma nova e dolorosa polêmica. Esqueceu-se da gravidade da doença para centrar as críticas no local onde Lula fará tratamento, uma institiuição privada. De onde vem esse movimento? Seria uma reação ao passado operário de Lula, aos seus discursos populistas? Nunca vi ninguém pedindo ao FHC para se tratar no SUS.

Enquanto lados opostos expõem suas opiniões com liberdade, muitas vezes gerando discussões acaloradas onde a paixão toma o lugar da razão, políticos disfarçados tentam ganhar algum proveito com a situação. São nesses momentos que vem a tona o pior da natureza humana. Lembro-me muito bem a chantagem emocional que foi feita pela oposição contra Dilma Rousself quando anunciado que ela tinha câncer. Adversários da atual presidente falavam, e pior, escreviam barbaridades como se não houvesse amanhã.

Entretanto, muitos brasileiros estão realmente cansados do serviço público precário. De assistirem a filhos de parlamentares e governantes, matricularem filhos em escolas particulares caríssimas e se tratarem nos melhores hospitais no Brasil e no exterior. Certamente se os filhos dos políticos estudassem em escolas públicas e fossem obrigados a enfrentar o SUS, teríamos serviços de primeiro mundo - compatíveis com os impostos que pagamos, aliás.

Infelizmente é para um SUS de terceiro mundo que milhões de desafortunados irão, gostem ou não. Não se pede que esses pacientes tenham acesso ao Sírio-Libanês, mas sim que parte da qualidade deste entre nos hospitais públicos. E Lula, que tanto elogiou o SUS na presidência, pudesse, sem ironia, ser tratado lá com dignidade.

Como seus elogios eram demagógicos e pacientes ainda morrem na filas dos hospitais públicos, ele que agradeça aos céus não ser um mero operário hoje em dia.

Saúde é coisa séria. Não só a de Lula, mas a de todos os brasileiros. Que esse movimento sirva ao menos para acordar uma população que vive anestesiada. Cada gota de conscientização é esperança de um futuro menos sofrido.

Boa sorte ao ex-presidente em seu tratamento.

Sobre o Autor:
Marcos Mendes Marcos Mendes é músico e compositor. É também observador inquieto que escreve o que vê e o que sente em relação a vida e o mundo. Fala sobre assuntos sérios sem perder o tom da descontração.

Um comentário:

  1. Marcos,

    ando realmente sem paciência para escrever e discutir pela rede, principalmente de entrar em polêmicas, que em sua maioria se mostram estéreis.Portanto, sem me alongar muito, penso que as pessoas só deveriam falar sobre o que conhecem de fato e não do que ouviram falar. Seu post é muito apropriado porque este assunto da doença do Lula é um ótimo exemplo das bobagens que se falam na internet. A maioria das pessoas que criticam o SUS e a saúde pública GRATUITA no Brasil, comparando-a com de outros países, normalmente não usam o SUS e JAMAIS usaram a saúde pública de outros países. Barack Obama está lutando para tentar implantar algo semelhante ao que temos no Brasil nos EUA e não está conseguindo. Lá,quem não tem $ para se tratar em hospitais particulares ou pagar planos caríssimos, morre ! Aqui, qualquer pessoa tem acesso aos serviços de saúde, que se não são uma maravilha, pelo menos são gratuitos. E há muitos casos de excelência, como justamente é o caso do INCA. Conheço algumas pessoas que se trataram de cancer no INCA e ficaram muito satisfeitas com o tratamento. É claro que tudo pode melhorar, mas as pessoas que criticam nosso sistema tinham que conhecer o de outros países para fazer um julgamento. Todas as pessoas da minha empresa que trabalham no Canadá dizem que se ficarem doentes a primeira coisa a fazer é pegar um avião e vir para o Brasil. Foi isso, inclusive, que fez o presidente da empresa quando teve um enfarte lá. Parece que todo o tratamento é definido pelo governo e não é possível qualquer escolha, como o médico, por exemplo. Logo, nem sempre o paciente é bem atendido, podendo mesmo ser muito mal atendido se cair nas mãos de um médico que tem emprego garantido e não está nem aí para você. Volto a insistir: Para falar de alguma coisa o sujeito tem que ter conhecimento de causa e não de ouvir falar. Quando eu estava a trabalho no Japão, um dos colegas que estava comigo teve uma crise renal fortíssima às 2h da madrugada,em Kioto, uma das mais importantes cidades japanesas. Levado ao hospital, só foi atendido quando começou o expediente do médico ás 7 ou 8 horas da manhã. Segundo nos explicaram, é normal isso no Japão porque se não houver um risco de morte o médico não sai de sua agenda. Há muita corrupção e desvios no Brasil que precisam ser combatidos, sem dúvida. Estamos consados de ver reportagens sobre hospitais públicos em situações calamitosas, mas no Cancer, na Aids, em transplantes e nas cirurgias de risco, não me parece que o tratamento gratuito no Brasil fique atrás do de outros países.

    ResponderExcluir